Nova arena terá museu para relembrar a história do futebol baiano. Memorial para as vítimas do acidente de 2007 não consta no projeto.
Setor leste, onde ocorreu a tragédia, é o que tem as obras mais avançadas
Entre gruas, lajes, caçambas e operários, uma imponente construção começa a tomar forma. Não é uma construção qualquer. Cercada de histórias, a Fonte Nova ressurge, mas nesta sexta-feira, 25 de novembro, o barulho da obra silencia. Completam-se quatro anos de uma das maiores tragédias do futebol brasileiro.
Há quatro anos, um dia que deveria ser de festa tornou-se trágico. Dentro de campo, o Bahia empatou com o Vila Nova e conseguiu o acesso para a Série B do Campeonato Brasileiro do ano seguinte. Nas arquibancadas, o drama. Parte de um dos degraus do anel superior do estádio cedeu e sete torcedores morreram.
Márcia Santos Cruz, Milene Vasques Palmeira, Midiã Andrade dos Santos, Jadson Celestino Araújo Silva, Djalma Lima Santos, Anísio Marques Neto e Joselito Lima Júnior, perderam suas vidas no acidente. Quatro anos depois, é justamente o lado leste do estádio, o mesmo onde aconteceu a tragédia, o setor que tem as obras mais avançadas no processo de construção da nova Fonte Nova.
Neste mês de novembro, o avanço físico da obra ultrapassou os 35% de execução. Já foram finalizadas as etapas de demolição, reciclagem do concreto, terraplanagem e fundações da arena. Na fase atual da obra, estão sendo executados os serviços de montagem da superestrutura da arena (pré-moldada e moldada in loco), com a colocação de pilares, vigas e lajes.
Confirmada como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, a Fonte Nova luta contra o tempo para também se garantir como sede da Copa das Confederações de 2013.
Ferida aberta...
A tragédia de 2007 estava anunciada há tempos. Menos de um mês antes, um relatório elaborado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquiteturas e Engenharia (Sinaenco), apontou o estádio baiano como o pior entre os 29 principais do país. Problemas nos banheiros, de ferrugem e oxidação foram apontados no estudo, o que não foi suficiente para impedir a tragédia.
Poucos meses após a interdição do estádio, chegou-se cogitar a possibilidade da construção de um memorial para as vítimas. A ideia não deve sair do papel. A homenagem aos sete mortos na tragédia não está nos planos da nova arena. No entanto, é possível que o acidente seja lembrado dentro do novo estádio. O projeto de um museu do futebol baiano faz parte da nova Fonte Nova.
Aos poucos, a nova Fonte Nova começa a ganhar forma
Independente da criação do memorial e das homenagens, as sete vítimas certamente não serão esquecidas por seus familiares. Quatro anos depois, a maior parte prefere o silêncio. Familiares ouvidos pela reportagem, e que pediram para que não fossem identificados, afirmaram que o seguro de R$ 25 mil prometido pela CBF já foi pago. Além disso, eles recebem uma pensão com valores variados, mas que correspondem ao salário das vítimas. A mãe de uma das vítimas recebe apenas R$ 500 por mês.
Quem também não esquece o dia 25 de novembro é o Jader Landerson. Único sobrevivente da tragédia, o garoto de poucas palavras é sucinto.
- Não gosto de ir ver mais, não – diz o jovem de 21 anos, contando que deixou de lado sua antiga paixão, o Bahia.
Na queda de uma altura de 15 metros, Jader fraturou três vértebras da coluna e parte da coxa esquerda. O acidente também deixou marcas invisíveis: ele ficou com um pequeno distúrbio por causa da pancada na cabeça. Por conta das sequelas, Jader Landerson tem que fazer sessões diárias de fisioterapia. De segunda a sexta-feira, 1h30 de exercícios. Um carro disponibilizado pelo governo do estado serve como transporte.
Com seus dramas e feridas abertas, a Fonte Nova ressurge com a esperança de reescrever novos dias de história que tenham apenas finais felizes. E que o 25 de novembro de 2007, sirva apenas como lição de erros que não podem voltar a acontecer.
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